Nesta quarta-feira (28), a ginasta americana Simone Biles desistiu de disputar a final individual de ginástica artística. A atleta de 24 anos era favorita ao ouro, mas alegou que precisava preservar sua saúde mental.
“Eu realmente sinto que às vezes tenho o peso do mundo sobre meus ombros. Eu sei que eu ignoro e faço parecer que a pressão não me afeta, mas às vezes é difícil”, desabafou Biles em um post no Facebook.
Problemas com a saúde mental não ocorrem apenas com atletas, eles também estão no trabalho de qualquer colaborador de uma empresa.
Síndrome de Burnout
A Síndrome de Burnout, por exemplo, ganhou notoriedade principalmente em tempos de pandemia e com o enxugamento de equipes. Trata-se de um quadro psicológico associado a uma percepção de exaustão, que ocorre de forma prolongada.
“A percepção grande de esforço é somada à sentimentos negativos, como frustração, depressão ou a ausência de significado associado ao trabalho”, diz Ana Carolina Souza, neurocientista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e sócia da Nêmesis, empresa que oferece assessoria e educação corporativa na área de neurociência organizacional.
Sintomas
O início dos sintomas de Burnout pode se dar por um acúmulo de tarefas, um excesso de responsabilidades e um nível de exigência ou pressão exagerados associados à uma alta demanda de trabalho.
Para a neurocientista, entre os sintomas comuns estão: a sensação de esgotamento físico e mental, falta de motivação para ir trabalhar, maior irritabilidade, depressão, ansiedade, baixa autoestima, dificuldade de concentração e pessimismo.
Alguns sintomas também podem ser físicos, como dores de cabeça constantes, enxaqueca, fadiga, palpitação, pressão alta, tensão muscular, insônia, problemas gastrintestinais, gripes e resfriados recorrentes.
Como falar com o chefe sobre situação psicológica?
Cada vez mais as empresas estão se preocupando com a saúde mental de seus colaboradores. Segundo Luciene Bandeira, psicóloga organizacional e sócia da empresa Psicologia Viva, “é possível negociar folgas e compensação de horas, entre o colaborador e gestor, mas vai depender se a empresa tem essa abertura. Felizmente estamos vendo muitas empresas abrindo esse espaço que não existia antes”.
Bandeira acrescenta que o trabalhador precisa fazer uma auto-gestão. “A gente também precisa aprender a se dar limites e reconhecer os próprios limites. Às vezes, a empresa nem está exigindo, mas a gente entendeu que esse é o único jeito”.
Afastamento do serviço
Para o colaborador que sofre com transtornos mentais, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pode propor do afastamento até uma aposentadoria por invalidez.
Segundo a Ingrácio Advogados, para as pessoas com com doenças psiquiátricas há vários direitos previdenciários, como aposentadoria da Pessoa com Deficiência, aposentadoria por Incapacidade Permanente (antiga Aposentadoria por Invalidez), Auxílio por Incapacidade Temporária (antigo Auxílio Doença), Auxílio-Acidente e direito ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), que, apesar de não ser um direito previdenciário, e sim assistencial, a pessoa com transtornos mentais pode ter acesso.
“O que acontece muitas vezes é que a pessoa chega em um nível de adoecimento tão grande que o psiquiatra começa a dar atestado para ela. Depois de 30 dias ela é afastada pelo INSS. Ela faz perícias periódicas. Há alguns casos, principalmente quando a pessoa opta só pelo acompanhamento psiquiátrico e não busca psicoterapia, por exemplo, a pessoa não vai melhorar. Deve ter um acompanhamento medicamentoso junto com a terapia”, explica Bandeira.
Soluções
Dentro de tanta pressão, uma saída ter uma boa saúde mental é ter mais tempo para se divertir, de acordo com Letícia Goulart, psicóloga organizacional e diretora da empresa Síntese, de psicologia. “Devemos tirar um momento de lazer, se distrair um pouco, desligar o celular, definir o horário de trabalho, ou fazer exercícios físicos, sendo que Burnout está associado à ansiedade. Isso é muito mais difícil para um atleta, o tempo livre dele pode definir o ouro olímpico ou não”.
E acrescenta: “a gente vê, por exemplo, a Rayssa, do skate, o quanto foi diferente a relação dela. Ela estava dançando, parecia estar se divertindo ali”.
Fonte: Isto é dinheiro (FEEB SC)