No seu relatório mensal de macroeconomia divulgado nesta segunda-feira, 9, o Bradesco afirma que o mercado de trabalho e a atividade de serviços têm apresentado mais força do que o esperado, puxando para cima a inflação e a expectativa de crescimento da economia.
Por isso, o banco aumentou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, de 1,0% para 1,5%, levando em conta um primeiro trimestre melhor do que o previsto (0,5% para 1,3%). Para o segundo trimestre, o banco prevê uma expansão em torno de 0,3%.
Citando a inflação corrente disseminada e as surpresas positivas com o mercado de trabalho brasileiro, o Bradesco aumentou também a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2022, de 6,9% para 7,5%. O cenário já leva em conta um aumento da projeção de taxa Selic no fim do ciclo, de 12,75% para 13,25%.
“Apesar de anúncios como a redução do IPI, os preços dos bens industriais ainda seguem como ponto de pressão no IPCA, influenciados por baixos estoques, demanda aquecida e pressões de custos sobre os produtores. Ademais, a aceleração dos preços tem sido influenciada pelos impactos da inércia e pelas evidências de uma atividade econômica mais forte nos últimos meses”, diz o texto.
Os bons resultados do mercado de trabalho apurados pelo Caged e pela Pnad Contínua no primeiro trimestre também levaram o banco a reduzir a previsão de desemprego médio em 2022 (11,2% para 10,8%) e 2023 (12,0% para 11,8%), contribuindo para o maior crescimento da atividade aguardado nos três primeiros meses do ano.
No segundo semestre, o banco destaca a contribuição esperada das liberações do FGTS, que devem levar a um aumento de 4,2% na massa de renda no período.
“Para o próximo ano, mantemos uma projeção de expansão de 0,5% para o PIB, com a exaustão dos vetores que hoje permitem um maior crescimento, bem como em função dos efeitos defasados da política monetária”, escrevem os economistas do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depec) do Bradesco. O banco também manteve inalteradas as projeções de IPCA (3,9%) e taxa Selic (9,0%) de 2023.
Superávit comercial menor
Diante da esperada desaceleração das economias globais com o aperto monetário em curso no mundo, o Bradesco reduziu a sua projeção de superávit comercial do Brasil em 2022 de US$ 75,4 bilhões para US$ 70,3 bilhões.
Em relatório, o banco destaca que o montante esperado ainda será o maior da série histórica e é compatível com um déficit em transações correntes próximo a 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB).
A nova estimativa para a balança comercial não mudou a projeção do banco para o dólar, que deve ficar em R$ 5,10 no fim deste ano e do próximo. Enquanto as contas externas, o diferencial de juros e o fluxo de dólares favorecem o real, o Bradesco pontua que as incertezas globais, aperto monetário nos EUA e movimento de aversão ao risco contribuem para a depreciação da moeda brasileira.
Fonte: Estadão (FEEB SC)