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BRADESCO SINALIZA MELHORA EM RESULTADO ANTES DO ESPERADO, E AÇÕES SOBEM APÓS 1º TRIMESTRE

Lucro do banco teve queda em um ano, mas ainda ficou acima das expectativas do mercado (Por Matheus Piovesana) – foto Paulinho Costa feebpr – 

Os últimos dois balanços trimestrais do Bradesco levaram a percepções de que o retorno do banco aos patamares de rentabilidade acima dos 20% levaria um bom tempo. A instituição continua acreditando que o processo será gradual, mas afirma que os primeiros sinais de virada já aparecem. O principal deles são as provisões, que refletem a expectativa do segundo maior banco privado do País de maior controle da inadimplência nos próximos meses.

O banco teve lucro de R$ 4,280 bilhões, queda de 37,3% em um ano, mas alta de 168,3% em um trimestre sem o efeito da recuperação judicial da Americanas. O número ficou 17% acima da expectativa das casas consultadas pelo Estadão/Broadcast porque as provisões contra a inadimplência, de R$ 9,5 bilhões, foram menores que nos cálculos dos analistas.

O presidente do banco, Octavio de Lazari Junior, disse que as provisões surpreenderam graças à maior cautela que o Bradesco adotou a partir do segundo semestre do ano passado, quando a inadimplência acelerou. “Os resultados das safras recentes mostram que estamos chegando a uma inflexão da curva (de inadimplência)”, comentou ele em coletiva de imprensa.

O Bradesco adota a metodologia de perda esperada para reforçar o colchão contra atrasos, a mesma utilizada no padrão contábil IFRS 9, que será obrigatório para os bancos brasileiros a partir de 2025. Ela difere dos conceitos presentes no padrão BR-Gaap, em vigor desde os anos 1990 e que prescreve determinados patamares de provisão à medida que o crédito dá sinais de estresse ou atraso.

Dessa forma, na visão da instituição, o comportamento mais positivo em empréstimos recentes prescreve um provisionamento estável. “Nos aproximamos do pico (de inadimplência), quando as provisões por perda esperada são consumidas”, disse Lazari aos jornalistas. O banco fez um novo aperto nas concessões de crédito entre janeiro e março, mas em menor magnitude que no segundo semestre de 2022.

Divisão

Os ajustes dentro de casa devem frear o crescimento da inadimplência mesmo com a taxa Selic estacionada em 13,75% ao ano, o que prejudica a renda da maior parte dos clientes do banco, mais exposto à baixa renda. Até então, a percepção do mercado era de que os números do Bradesco tendiam a caminhar junto com a Selic – apenas a partir da queda nas taxas, os resultados do banco subiriam.

Entre analistas, a recepção foi dividida, com viés negativo. “O lucro de R$ 4,3 bilhões do Bradesco no primeiro trimestre versus a expectativa de R$ 3,5 bilhões não é uma superação que o mercado deveria receber bem, em nossa visão”, escreveu Pedro Leduc, do Itaú BBA. “Provisões menores que o esperado de R$ 9,5 bilhões levaram à surpresa.”

O analista Domingos Falavina, do JPMorgan, considerou que o lucro teve composição ruim, mas que as tendências foram menos preocupantes que as vistas no quarto trimestre de 2022. Na visão dele, o balanço divulgado ontem trouxe argumentos tanto aos otimistas quanto aos pessimistas com o Bradesco.

“Diferentemente do Itaú e do BTG, em que vemos os investidores majoritariamente comprados, no Bradesco há opiniões fortes de ambos os lados. Este trimestre não é diferente”, escreveu. “Os pessimistas dirão que o aumento da entrada de créditos em atraso foi substancial (…). Os otimistas dirão que as tendências estão melhorando.”

Nesta sexta-feira, os últimos prevalecem: os papéis do banco sobem cerca de 1,6%, ante alta de 1,5% do Ibovespa.

Outro reflexo dos ajustes ao cenário mais difícil foi na tesouraria: houve perda de R$ 312 milhões, menor que a observada no quarto trimestre do ano passado, de R$ 803 milhões, e também melhor que o esperado pelo mercado. O presidente do banco afirmou que essa melhoria é fruto da reprecificação da carteira de crédito, e que deve continuar mesmo que a Selic não caia este ano.

“A margem com mercado está um pouco melhor do que esperávamos”, disse o diretor de Relações com Investidores e Controladoria do banco, Carlos Firetti. O Bradesco tem equilibrado a margem mesmo com a pressão sobre os depósitos de poupança e à vista, que são mais baratos para o banco.

Mais importante, a previsão é que a tesouraria volte a dar dinheiro no quarto trimestre de 2023. É um cenário melhor que o desenhado pelo Santander Brasil, que também sofreu com a alta rápida da Selic no ano passado, mas que afirmou esperar uma volta da margem com mercado ao azul apenas no ano que vem.

Bradesco espera números melhores no segundo semestre, após primeiro trimestre ‘volátil’
Segundo o presidente do banco, segundo trimestre ainda deve estar pressionado pelas provisões contra inadimplência.

O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, disse nesta sexta-feira, 5, que o banco continua esperando uma melhora nos resultados ao longo do ano. Ele destacou que o primeiro trimestre foi volátil, mas que encerrou de modo mais positivo com a divulgação da proposta de arcabouço fiscal pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Vemos o segundo trimestre ainda pressionado por conta da PDD (provisões contra a inadimplência), mas continuamos a ver uma melhoria de resultados ao longo do ano, com números melhores no segundo semestre”, disse Lazari em coletiva de imprensa para comentar os resultados do banco no primeiro trimestre, divulgados ontem.

O banco fechou o primeiro trimestre com lucro de R$ 4,28 bilhões, queda de 37,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo Lazari, o resultado veio dentro do esperado pelo banco. “As provisões seguem elevadas, mas dentro das nossas previsões”, comentou.

“É claro que em momentos como esse as pequenas empresas e as pessoas físicas sofrem mais, mas isso faz parte dos ciclos econômicos. As oportunidades da operação de varejo em um País como o nosso são enormes”, acrescentou.

Segundo o executivo, o banco continua perseguindo maior eficiência na rede de atendimento, com uma maior presença digital e revisões na rede física. O Bradesco tem fechado agências e convertido parte delas em unidades de negócio, unidades sem caixa e que são mais enxutas. “O nosso posicionamento é permanentemente ajustado para sermos eficientes”, afirmou.

O cenário econômico do Brasil e do mundo e as implicações para o seu bolso, de segunda a sexta.

O Bradesco, disse Lazari, tem como foco o equilíbrio no custo de servir, tornando o atendimento mais consultivo. Neste sentido, o banco deve investir R$ 6 bilhões em tecnologia neste ano, e pretende rodar 75% das transações de negócios em nuvem até 2025. Hoje, já roda 35% delas em plataformas na nuvem.

Ainda de acordo com o presidente do banco, o investimento em atendimento mais consultivo inclui a área de investimento. “Neste ano, estamos expandindo equipe de especialistas em investimentos em 40%, e não vamos parar por aí”, comentou.

Crise bancária nos EUA
O presidente do Bradesco disse não ver reflexos da crise dos bancos médios nos Estados Unidos sobre o mercado brasileiro, e considera que o Bradesco Bank, operação do conglomerado em solo americano, está protegida da piora das condições naquele mercado.

“Não vemos um reflexo no Brasil, que tem regras mais rígidas, até pelo passado já remoto que temos”, disse. Lazari destacou ainda que o Bradesco Bank, sediado na Flórida, tem vetores diferentes dos bancos de médio porte que quebraram nos EUA nos últimos meses. Segundo o executivo, a inadimplência do banco é baixíssima, porque a carteira é exposta a linhas como o imobiliário, e os clientes são de alta renda.

“Com relação aos bancos que vimos (quebrar), o Bradesco Bank não tem os mesmos problemas”, afirmou. (Fonte: Estadão)

Notícias Feeb/PR