Puxado pelos desempenhos de Itaú Unibanco, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, o lucro dos cinco maiores bancos brasileiros cresceu 1,9% em 2023, somando R$ 107,5 bilhões, de acordo com dados compilados pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado). O melhor desempenho dos três compensou a retração nos números de Bradesco e Santander Brasil, que diante da inadimplência ainda alta em operações de crédito mais antigas, cresceram menos a carteira de empréstimos.
A maior alta de resultado veio do Itaú, que equilibrou o crescimento das margens com crédito e também o resultado da tesouraria. No BB, essa mesma combinação foi observada, mas com um desempenho melhor da tesouraria, graças aos números do banco argentino Patagonia. Na Caixa, o crédito foi a alavanca tanto das margens quanto das receitas com serviços.
A carteira do banco público foi a que mais cresceu no ano passado, com alta de 10,6% em relação a 2022, para R$ 1,119 trilhão. O banco originou ao todo R$ 544,3 bilhões em crédito, o maior volume da história, o que ajudou a expandir as margens em 19,5% no ano, e as receitas com serviços decorrentes do crédito em 8,3% no mesmo período.
Quase 70% das operações da Caixa estão em crédito imobiliário, portfólio que teve alta de 14,6% ao longo do ano. Enquanto os bancos privados reduziram as concessões diante dos juros altos, a Caixa manteve os negócios, o que levou os clientes das demais instituições a procurá-la.
No BB, o crescimento das operações foi de 10,3%, puxado pelo agronegócio, que cresceu 14,7% em 2023. Neste ano, o banco projeta elevar a carteira em até 12%, novamente com o impulso do agro, mesmo diante de perspectivas menos positivas para o setor, que tem pedido ao governo para renegociar dívidas diante da queda dos preços das principais commodities.
“Na carteira agro, nós vemos uma alta marginal de inadimplência que é causada pelo menor crescimento da carteira, natural após os últimos anos”, disse o vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do banco, Geovanne Tobias, em teleconferência com analistas no último dia 9. Único banco a divulgar projeções para o lucro líquido, o BB espera um aumento de até 12% no indicador.
Retomada
Entre os bancos privados, a perspectiva é de retomada do crescimento da carteira neste ano. O Bradesco, que viu o portfólio encolher em 1,6% no ano passado diante do modo de redução de riscos que adotou a partir de 2022, espera um crescimento entre 7% e 11% neste ano.
Em coletiva de imprensa no início do mês de fevereiro, o presidente do banco, Marcelo Noronha, disse que a retomada se dará com modelos de crédito aprimorados, e um apetite de risco mais rigoroso que no ciclo anterior. “Não vamos fazer maluquice com crédito para entregar resultado”, disse ele.
O Bradesco tem ambições de ganhar espaço no mercado de crédito até 2028, período que mira o plano estratégico apresentado por Noronha para aumentar a rentabilidade do banco. Hoje, o conglomerado estima ter 14% do mercado, e quer chegar a algo entre 15% e 19% no final do período. O segmento de varejo é um dos pilares deste avanço.
O Itaú, que tem reduzido a exposição ao varejo, espera crescer até 9,5% no crédito em 2024, após uma alta de 5,3% no ano passado. “Nós vamos crescer dois dígitos nas carteiras que nós selecionamos”, disse o presidente do banco, Milton Maluhy, no início do mês.
O Santander não dá projeções ao mercado, mas também espera um crescimento seletivo. O foco é manter o custo do crédito controlado. “Esperamos que o custo de crédito nos novos portfólios seja menor que a média”, disse o presidente do banco, Mario Leão. Um dos focos do conglomerado é justamente reduzir a concentração dos resultados no crédito e no segmento de varejo. (Fonte: Estadão)
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