A pesquisa “Avaliação dos Modelos de Gestão e das Patologias do Trabalho Bancário”, em colaboração com pesquisadores do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UNB), revelou dados que mostram como o modelo de gestão dos bancos adoece os trabalhadores, especialmente em relação a saúde mental.
Cerca de 80% dos trabalhadores do ramo financeiro que participaram da pesquisa declararam ter tido ao menos um problema de saúde relacionado ao trabalho no último ano. Destes, quase metade está em acompanhamento psiquiátrico. O principal motivo declarado para buscar tratamento médico foi o trabalho. Entre os trabalhadores que estão em acompanhamento psiquiátrico, 91,5% utilizam medicações prescritas pelo psiquiatra, percentual que cai para 64,4% entre os que estão em outros tipos de acompanhamento médico.
“A pesquisa revelou dados extremamente preocupantes, que mostram que os trabalhadores do ramo financeiro estão submetidos a um modelo de gestão que afeta negativamente a saúde mental, adoecendo-os. Os dados vão ao encontro do que vemos diariamente nos locais de trabalho. Trabalhadores adoecidos, sobrecarregados, vítimas de assédio moral, com medo constante de perder o emprego, e lutando para dar conta da pressão absurda para o cumprimento de metas”, afirma a secretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, Valeska Pincovai.
“É evidente que a saúde mental dos trabalhadores está em risco devido aos modelos de gestão adotados pelos bancos. É nosso dever agir com determinação para proteger os direitos e a saúde da nossa categoria. Precisamos pressionar os bancos para implementar medidas urgentes que melhorem as condições laborais e garantam um ambiente de trabalho saudável e seguro. Não podemos aceitar que a ganância e a negligência empresarial continuem prejudicando a vida e o bem-estar dos trabalhadores”, enfatiza a sindicalista, Juvandia Moreira.
A pesquisa
A pesquisa “Avaliação dos Modelos de Gestão e das Patologias do Trabalho Bancário”, que contou com a participação de 5.803 bancários de todo o Brasil, evidenciou a forte presença de fatores de risco no trabalho bancário, bem como a incidência de sintomas de adoecimento entre os trabalhadores. “É urgente que sejam implementadas medidas efetivas que garantam ao trabalhador do sistema financeiro um ambiente de trabalho saudável”, avalia Valeska.
De acordo com a coordenadora o estudo, Dra. Ana Magnólia Mendes, a pesquisa identificou que a forte presença de discursos e práticas de controle, com foco nas metas, a despersonalização dos trabalhadores, a hierarquia rígida e o uso de ameaças como ferramentas de gestão intensificam a competitividade e o produtivismo nas relações de trabalho, levando a sobrecarga e vivências de violência no trabalho.
“Essas relações produzem as patologias da violência e da sobrecarga, caracterizadas pela presença intensa de vivências de cansaço, desgaste, sobrecarga, frustração, desmotivação, falta de liberdade de expressão e de opções no trabalho, indiferença entre colegas e desconfiança entre chefia e subordinados, as quais aumentam a presença de sintomas de adoecimento marcados por características de transtornos ansiosos”, destaca a coordenadora da pesquisa.
Procure seu Sindicato
O trabalhador do sistema financeiro que sofrer pressão abusiva para cumprimento de metas, assédio de qualquer forma, sobrecarga de trabalho, ou qualquer outra situação que afete sua saúde física ou mental, deve entrar em contato com seu Sindicato. (Fonte: Seeb SP)
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