Em uma estratégia para incentivar a adoção do WhatsApp Pay, o Facebook vai remunerar os bancos a cada transação realizada pelo novo método de pagamento. A aposta é que uma adoção rápida e em massa fará o serviço de pagamento gerar lucros no futuro, quando a rede social passará a receber uma parte da taxa cobrada dos lojistas.Em uma estratégia para incentivar a adoção do WhatsApp Pay, o Facebook vai remunerar os bancos a cada transação realizada pelo novo método de pagamento. A aposta é que uma adoção rápida e em massa fará o serviço de pagamento gerar lucros no futuro, quando a rede social passará a receber uma parte da taxa cobrada dos lojistas.
Segundo o portal Mobile Time, as instituições são pagas quando enviam e quando recebem dinheiro, neste segundo caso, o valor é um pouco maior. Esse montante é destinado aos emissores de cartões das bandeiras Visa e MasterCard, como forma de cobrir os custos operacionais.
Até o momento, não se sabe quanto o Facebook paga por transação, mas estima-se que seja variável conforme o banco e a operadora de cartão. O que as fontes do Mobile Time afirmam é que essas quantias são menores do que os emissores recebem nas compras feitas via cartão de débito.
Apesar disso, esta pode ser uma alternativa bem rentável para os bancos, já que não existe nenhuma limitação de valores ou transações diárias que podem ser executadas. Com mais de 130 milhões de usuários no Brasil, se apenas 10% da base passar a transacionar via WhatsApp, dá para ter uma ideia do volume do lucro gerado.
Em um momento no qual a rede passa por delicada situação com seus anúncios, em razão da nova política de privacidade do iOS, o Facebook percebe que é necessário diversificar o modelo de negócios.
Expansão gradual nas capitais
Para que tudo comece a funcionar plenamente, ainda falta a autorização do Banco Central para compras via chat e para o uso de cartão de crédito. Por enquanto, o WhatsApp Pay permite apenas transferência de recursos entre pessoas físicas, o que inviabiliza que empresas usem o sistema.
A estratégia do Facebook seria usar a base de clientes destas instituições financeiras para ter um ponto de partida sólido no fortalecimento do serviço. O primeiro passo seria feito pelos emissores, que convidariam até mil clientes por dia via app.
Na sequência, será liberada uma espécie de “expansão viral” na qual todos que já receberam um pagamento serão chamados para criar uma conta no Facebook Pay. A partir daí, entra a fase de consolidação do serviço, com a expansão para cerca de 2 milhões de usuários das duas maiores capitais do Brasil (Rio de Janeiro e São Paulo).
Estratégia arriscada
Não dá para negar que esta é uma estratégia e tanto da gigante das redes sociais para adentrar no segmento econômico. Normalmente, as empresas adotam um caminho menos tortuoso: emprestam sua “autoridade” e “reconhecimento” em troca do recebimento de uma taxa pela transação realizada.
Só que isso já se mostrou pouco eficiente, tanto que os cartões segmentados (como aqueles oferecidos em lojas de departamento ou por grandes marcas, por exemplo) tem baixa aceitação no mercado amplo — na maioria dos casos, apenas os clientes mais assíduos costumam adotá-los.
A tática é arriscada porque coloca em jogo recursos próprios da empresa na esperança de, quem sabe, recuperá-los. É basicamente um investimento de alto risco com possibilidade de retorno em médio prazo. Se considerarmos a competitividade do mercado, com bancos tradicionais, fintechs e bancos digitais na briga pelo cliente, o cenário é ainda mais incerto. Contudo, caso os pagamentos via WhatsApp caiam no gosto popular, a companhia passa a ter uma fonte de receita elevadíssima.
Fazer isso no Brasil, onde a instabilidade política é constante e a insegurança jurídica reina, pode parecer loucura, mas o país é segundo em quantidade de usuários do WhatsApp, ficando atrás apenas da Índia, cuja sociedade estratificada é mais complexa de se trabalhar. Por isso, faz todo sentido centrar os esforços por aqui, mesmo com toda a burocracia do sistema político-financeiro nacional.
Pix pode ser “pedra no sapato”
Por outro lado, como bem argumentou o Mobile Time, a chegada do Pix facilitou as transações e praticamente eliminou os custos das transferências, o que pode ter impacto negativo na iniciativa do Facebook. Caso o serviço chegasse no momento previsto, em meados de 2020, talvez a chance de sucesso fosse bem maior do que no atual cenário.
Mesmo com a possível integração ao “novo” método de pagamento, hipótese levantada em janeiro, muitos comerciantes podem preferir a transferência direta em vez de usar o sistema pago com taxas.
O jeito é esperar para ver se a ousada tática de guerrilha da rede social de Mark Zuckerberg vai funcionar por aqui. O que você acha? Comente e deixe sua opinião.
Fonte: Canaltech (FEEB SC)