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“Convite” para retorno presencial gera apreensão entre bancários do BB

O Banco do Brasil divulgou comunicado autorizando o retorno voluntário ao trabalho presencial dos bancários de escritórios e departamentos, mesmo os não vacinados com a segunda dose, desde que não sejam grupo de risco para o coronavírus. A espécie de “convite” gerou apreensão entre os trabalhadores, que na sua maioria já está adaptada ao teletrabalho e não deseja o retorno.

“O Sindicato avalia que o retorno presencial neste momento não encontra respaldo nem em argumentos sanitários – uma vez que critérios científicos indicam que um retorno seguro deve ser condicionado a um índice superior a 70% da população completamente imunizada, além de redução significativa no número de casos, internações e mortes – e nem mesmo em argumentos relacionados com a efetividade do trabalho, uma vez que com aproximadamente 90% dos trabalhadores de escritórios em teletrabalho houve um ganho de produtividade e também significativa redução de custos para o banco”

Getúlio Maciel, dirigente sindical e bancário do BB

“Portanto, não há razões para expor estes trabalhadores a um risco desnecessário, seja no trajeto, no transporte público, ou mesmo no próprio ambiente de trabalho. A prioridade agora deveria ser não aumentar a circulação do vírus. Além disso, o ‘convite’ para retorno voluntário desrespeita o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) Emergencial da Covid-19, que garantiu maior proteção aos trabalhadores na pandemia”, acrescenta.

Segundo pesquisa feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com quase 13 mil bancários e bancárias, divulgada no início do mês, durante a 23ª Conferência Nacional dos Bancários, o teletrabalho garantiu mais proteção contra a pandemia. Entre as bancárias e os bancários que ficaram em teletrabalho, 77% não apresentaram diagnóstico positivo de Convid-19, contra 23% contagiados. Por outro lado, entre os que não estiveram em teletrabalho, o percentual de contaminação foi de 38%.

Interferência política

De acordo com Getúlio, na ausência de justificativas sanitárias ou de produtividade para o retorno presencial, a medida pode ter um caráter de interferência política no Banco do Brasil. “Muito tem se exposto na mídia sobre possíveis interferências políticas por parte do governo federal nos bancos públicos. Com isso, e diante da ausência de qualquer argumento sólido que justifique o retorno presencial neste momento, fica o questionamento se tal medida estaria servindo para reforçar a política negacionista do governo Bolsonaro em relação à pandemia”, destaca o dirigente.

Sem pressão ou punição

O Sindicato irá acompanhar de perto como se dará este possível retorno voluntário ao trabalho presencial.

“Iremos verificar todas as possibilidade jurídicas sobre esta questão, assim como verificar se os locais de trabalho estão preparados para este retorno. Além disso, reforçamos que o próprio comunicado do Banco do Brasil deixa claro o caráter voluntário do retorno ao trabalho presencial, o que já enfatizamos em reunião com a Gepes. O bancário não pode sofrer qualquer pressão para retornar ou qualquer tipo de punição por sua recusa”, enfatiza a também dirigente sindical e bancária do BB Adriana Ferreira.

O bancário que sofrer qualquer tipo de pressão para retorno ao trabalho presencial, ou verificar condições sanitárias inadequadas no local de trabalho, deve entrar em contato imediatamente com o Sindicato. O sigilo é garantido.

Fonte: SP Bancários (FEEB SC)