Arbitrariedades do banco sobrecarregam e adoecem bancários
O Itaú criou o novo modelo de agência “2030” de forma unilateral, apenas comunicando aos sindicatos, as mudanças. Pelo padrão destas unidades, que começaram a serem implementadas em 2021, os bancários exercem um papel “polivalente”: o caixa é agente de negócio e o gerente atende no caixa.
“Quando o banco apresentou em 2021 denunciamos essa mudança muito radical que foi feita na hora errada, em plena pandemia da Covid-19 e de maneira absurda, sem que o Itaú oferecesse nenhuma preparação para os funcionários se adaptarem ao novo padrão”, crítica a diretora do Sindicato dos Bancários do Rio e membro da COE (Comissão de Organização dos Empregados), Maria Izabel.
“Alguns gestores estão até conseguindo fazer as mudanças, contribuindo para a adaptação do funcionário. Mas, em muitos casos, o gestor quer impor de qualquer maneira e na marra para que o bancário exerça as novas funções com acúmulo de funções, trazendo insegurança, tensão e adoecendo os empregados” acrescenta a sindicalista.
Bancário não é máquina
Neste novo sistema, o computador já determina no sistema para o gerente da agência, quantos funcionários estarão no atendimento e quantos no caixa.
“Nenhuma máquina opera tudo sozinha. É preciso capacitar às pessoas. Alguns gestores tratam o funcionário como máquina. O banco não tem critério e nem uma supervisão rigorosa para padronizar os gestores, que também precisam ser bem treinados. Para o novo sistema dar certo é preciso desenvolver um treinamento adequado para o bancário”, explica Izabel.
O Itaú diz que o funcionário tem que ser polivalente e usa como figura de linguagem o balé, para dizer que o funcionário precisa trabalhar em todas as áreas.
“O nome disso é exploração e sobrecarga de trabalho e, no mínimo, a empresa tem que oferecer um treinamento e capacitação adequados para o trabalhador se adaptar ao novo sistema e conseguir dar um bom atendimento ao cliente, como exige o banco. Bailarinas também são muito bem treinadas”, acrescenta.
Insegurança e tensão
Nesta chamada “polivalência”, o gerente precisa saber todo procedimento do caixa e vice e versa, mas muitos estão inseguros com atividades que não estavam acostumados a exercer.
“Os gestores também precisam de treinamento. Este novo modelo de metas cada vez mais abusivas está adoecendo os bancários e bancárias”, completa Maria Izabel, lembrando que, como no futebol, na vida profissional quem diz jogar em qualquer posição acaba não sendo bom em nenhuma função.
Fonte : Seeb/Rio (FEEB SC)