Comprar, vender, construir e se relacionar. Essas são algumas possibilidades que as pessoas possuem dentro do metaverso, utilizando um personagem, mais conhecido como “avatar”, em um mundo virtualizado. (Por Yasmin Rajab)
Você já ouviu falar em “metaverso”? O metaverso nada mais é que uma nova realidade virtualizada e indica um tipo de mundo virtual que tenta replicar a realidade através de dispositivos digitais. Com o avanço da tecnologia, o tema está cada vez mais presente na sociedade e está sendo bastante discutido nos últimos tempos.
O metaverso compõe um espaço coletivo e virtual, constituído pela soma de realidade virtual, realidade aumentada e internet. A tecnologia ajuda a traduzir experiências mais tangíveis e próximas ao mundo real, a qual este contato potencializa suas motivações e engajamentos.
Como toda e qualquer tecnologia antes utilizada, o metaverso voltou ao cenário mundial, mas já existia há muito tempo, afirma Claudenir Andrade, diretor do grupo de trabalho de software houses da Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços (Afrac).
“Second Life, Fazendinha, GTA, SimCity, todos estes modelos computacionais já tinham o que o metaverso tem em seu core principal: você conseguir se relacionar virtualmente com ouras pessoas, conseguir comprar, vender, criar, construir e ser até o que você não é em vida real, em um ambiente virtualizado”, afirma.
Claudenir define o metaverso como um ambiente virtual onde as pessoas podem se relacionar, comprar, vender, construir e fazer tudo o que desejar fazer em sua vida real, utilizando um personagem (mais conhecido como “avatar”) em um mundo virtualizado.
Assim como outras tecnologias, o metaverso possibilita diversas mudanças no campo pessoal e profissional da sociedade. O poder de compra no mundo virtual, por exemplo, pode ser um grande benefício, uma vez que possibilita a expansão dos negócios nacionalmente e internacionalmente, sem precisar construir unidades em vários locais.
“Imagine você não precisar ir para Nova York para comprar na Macy’s, você entrar na loja, ter a experiência de usar a loja, ser atendido, interagir como se estivesse na loja e ter o produto entregue em sua casa, obviamente por uma logística nacional”, cita Andrade.
Outro exemplo é ter a oportunidade de estudar em uma instituição estrangeira sem necessariamente precisar se deslocar até o local. “Isso vai ser universal no metaverso a todos que nele participarem. Os benefícios são enormes no ensino, no profissional, no pessoal, no entretenimento e em campos ainda nem explorados”, acrescenta Claudenir.
Surgimento de novas profissões
Em seu conceito atual, o metaverso ainda é novo, apesar de existir há algum tempo. Por isso, algumas profissões são mais requisitadas neste novo formato, como os designers, programadores focados em UX (User Experience) e outros programadores em linguagens web e Cloud Computing, que permitem escrever códigos que tragam boa fluidez e experiência no metaverso.
Apesar disso, outras profissões podem se enquadrar na tecnologia. “Obviamente não estamos falando de aquelas que necessitam de interação física, como por exemplo, você não faria um tratamento dental no metaverso, isso teria resultado efetivo em seu avatar, mas não em você”, explica Claudenir.
O diretor da Afrac explica que profissionais voltados ao entretenimento e experiência do usuário serão as mais requisitadas no metaverso. Segundo a Gartner, empresa especializada em pesquisa e consultoria em tecnologia da informação, 30% das empresas estarão imersas no metaverso até 2026.
“O desafio é formar profissionais qualificados. Engenheiros, cientistas de dados, estilistas e promotores de eventos levarão sua expertise para essa nova realidade, programadores focados em segurança da informação, profissionais focados em moedas digitais e trades, profissionais especialistas em cyber segurança”, diz Andrade.
Ele acrescenta que “estas são chamadas de “metaprofissões”, entre elas: designers e vestuário para avatares, “metamédicos”, arquitetos para construções virtuais no metaverso, diretores de entretenimento e eventos, gestor de investimento, seguradores financeiros, desenvolvedor e líderes de comunidades, criadores de avatares e cientistas de dados.
Assim como outras tecnologias, na medicina, o metaverso também pode se tornar uma grande aliada. “Irá acelerar os avanços necessários para que a telemedicina avance com uma experiência mais humana e menos fria”, ressalta Claudenir.
Ele cita que em um consultório, por exemplo, o paciente poderia se conectar com o profissional por meio de um óculos virtual, através de um hardware de monitoramento físico. Isso possibilitaria uma conversa entre ambos em uma sala de ambiente virtual.
“O equipamento físico que monitoraria seus sinais vitais estaria enviando em tempo real os dados para uma tela projetada na sala virtual em que ambos conseguiriam ter acesso, discutir o melhor tratamento e o que continuar fazendo para sucesso no resultado desejado”, conclui.
O futuro do marketing digital no metaverso
Cada vez mais presente no meio profissional, o marketing digital é um conjunto de ações de comunicação que as empresas podem utilizar por meio da internet e outros meios digitais, com o objetivo de divulgar e comercializar seus produtos ou serviços.
No metaverso, o marketing digital traz à tona a forma de vivenciar experiências. Bruna Clemente, diretora de marketing do Grupo Soller, explica que “o principal objetivo se dá pela melhora nas experiências dos clientes junto as marcas, fazendo com que experimente produtos, como roupas, por exemplo, diante dos canais de e-commerce, acessórios e até mesmo equipamentos/produtos no formato virtual e totalmente remoto.”
Bruna ressalta que é importante que as empresas estejam atentas ao metaverso e prontas para todas as mudanças que irão ocorrer, pois, caso contrário, podem se perder em meio a todas as novidades que estão por vir.
O conceito do metaverso surgiu em 1992, mas tomou força após a criação do jogo eletrônico Fortnite. A partir desse momento, o novo posicionamento do Facebook transformou seu naming para “meta”.
Clemente cita que o período pós pandêmico também acelerou diversas áreas da tecnologia, que seriam alcançadas em um momento futuro. “Ainda temos tempo para atingir o potencial desejado, mudando hábitos, costumes e dia a dia dos indivíduos. Entretanto, o caminho está sendo moldado e quem ficar de fora para surfar a famosa onda de adaptação ficará para trás”, explica.
Apesar da evolução, a diretora cita que a tendência do metaverso não deve ser a única preocupação das empresas. “Ainda é necessário e imprescindível ter o lado humano diante do negócio. Porém, vejo uma possibilidade de conjunção para acelerar o objetivo desejado de sucesso, entre a renomada mão na massa do ser humano, com a capacidade interpessoal em estreitar relacionamentos, trocas e experiências, junto assim a um forma remota traduzindo toda a realidade sistêmica e virtual”, finaliza. (Fonte: Correio Braziliense)
Notícias Feeb/PR