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‘SOLUÇÃO’ DA REFORMA DA LEGISLAÇÃO, TRABALHO INTERMITENTE CRIA POUCO EMPREGO E ÀS VEZES NEM RENDA

Em 20% dos vínculos não houve rendimento em 2021. Média é inferior a um salário mínimo. Do estoque de vínculos ativos no final de 2021, cerca de 35% não tinham recebido qualquer rendimento (Por Redação RBA) – imagem divulgação – 

Apresentado como uma das “soluções” para a criação de empregos, o trabalho intermitente teve efeito prático limitado, sem impacto no mercado, com poucas vagas e às vezes sem nenhuma renda. De acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) reunidos pelo Dieese, 20% dos vínculos firmados em 2021 não tiveram qualquer remuneração. A remuneração média dos contratos foi de R$ 888. Ou seja, inferior inclusive ao salário mínimo daquele ano.

Incluído na “reforma” trabalhista aprovada em 2017 (Lei 13.467), o trabalho intermitente deverá ser revisto pelo atual governo. “Os defensores da reforma alegavam que esse tipo de contrato poderia gerar milhões de novos postos de trabalho”, diz o Dieese, em nota. Por outro lado, muitos especialistas alertavam que isso não aconteceria e que esse tipo de contratação não garantiria a esses trabalhadores novas convocações para voltar ao trabalho.”

À espera de um chamado
Nessa modalidade, a pessoa fica à espera de um chamado por parte do empregador. “Enquanto não for convocado, não recebe. E, quando requisitado para executar algum serviço, a renda é proporcional às horas efetivamente trabalhadas”, lembra o Dieese.

Assim, conforme a Rais de 2021, a última disponível, em dezembro daquele ano apenas 0,50% do estoque total de vínculos formais eram de trabalho intermitente – 244 mil. Além disso, do estoque de vínculos ativos no final do ano, 35% não tinham recebido qualquer rendimento.

Um em cada cinco contratos não tem renda
“Olhando apenas os vínculos admitidos em 2021, e que ainda estavam ativos até o final do ano, 20% não tiveram nenhuma renda ao longo daquele período. Ou seja, um em cada cinco contratos intermitentes firmados no ano não gerou renda alguma para o trabalhador.” O maior número de contratos parados durante o ano foi registrado no comércio varejista: 35.239, ou 48% do total de vínculos intermitentes do setor.

Ainda com base nas informações da Rais, o Dieese estimou em cinco meses a duração média do vínculos firmados em 2021. Três meses de trabalho e dois de espera. A remuneração média foi de R$ 888, o equivalente a 81% de um salário mínimo naquele ano (R$ 1.100).

“É verdade que o mesmo trabalhador pode acumular mais de um vínculo de trabalho intermitente, mas, segundo divulgação do então Ministério da Economia, em 2020, a proporção daqueles que contavam com mais de uma admissão era de apenas 1,4%”, observa o instituto. De 244 mil vínculos intermitentes ativos em dezembro de 2021, .só 110 mil tiveram alguma atividade. Entre aqueles que trabalharam, 44% receberam menos que um salário mínimo. Apenas 17% tiveram remunerações equivalentes a dois salários mínimos ou mais (R$ 2.200).

O Dieese lembra também que a constitucionalidade do trabalho intermitente foi questionada no Supremo Tribunal Federal (STF). No final d 2022, o julgamento voltou a ser suspenso.

“Restam ainda muitas dúvidas e inseguranças, tanto por parte das empresas quanto dos trabalhadores. Mesmo assim, o número de contratos desse tipo continua crescendo, ainda que representem apenas 0,50% do estoque de vínculos formais no mercado de trabalho brasileiro. Os dados disponíveis indicam que, na prática, o trabalho intermitente se converte em pouco tempo de trabalho efetivo e em baixos rendimentos.” (Fonte: RBA)

Notícias Feeb/PR