Decisão vem após 44 anos de atuação em território argentino. Apesar da mudança, banco brasileiro pretende manter escritório de representação no país.
O Itaú Unibanco anunciou nesta quinta-feira (24) que fechou um acordo para vender sua operação na Argentina para o Banco Macro, uma a instituição local, por cerca de R$ 250 milhões. O banco atuava no país havia 44 anos.
“Estima-se que o impacto não-recorrente desta transação no resultado do Itaú Unibanco seja negativo em aproximadamente R$ 1,2 bilhão, que será reconhecido quando a transação for concluída. Já o impacto líquido no capital CET I do Itaú Unibanco será imaterial”, afirmou, em comunicado, o maior banco da América Latina.
O Itaú Unibanco informou que, após a conclusão do negócio, continuará atendendo aos clientes corporativos locais e regionais, além de pessoas físicas dos segmentos de wealth (gestão de fortunas) e private banking (clientes com grandes aplicações financeiras), por meio de suas unidades internacionais.
O banco também afirmou que vai fazer pedido na Argentina e no Brasil para abertura de escritório de representação em território argentino.
“Continuaremos com presença na Argentina por meio de um escritório de representação local, e seguiremos atendendo os nossos clientes corporativos e de wealth e private bank a partir das nossas unidades do banco no Brasil e nas demais unidades externas”, afirmou o presidente do Itaú na Argentina, Paraguai e Uruguai, André Gailey, em comunicado à imprensa.
Na América Latina, além de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o Itaú mantém operações no Chile e Colômbia.
O Itaú Unibanco não informou o motivo para a venda da operação na Argentina, cujo anúncio ocorreu no mesmo dia em que o Brics — que reúne Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul — fez convite formal para entrada do país no grupo.
A venda da operação também ocorre poucos dias depois que o candidato presidencial de extrema-direita Javier Milei venceu eleições primárias no país, surpreendendo analistas políticos.
“A transação já estava no radar do mercado, uma vez que o banco já havia informado em junho que estava em negociação preliminar com o Banco Macro”, disse o analista Mateus Haag, da Guide Investimentos.
Segundo ele, 80% da carteira de crédito do Itaú Unibanco na América Latina está concentrada nas operações do Chile e da Colômbia.
As ações do Itaú Unibanco exibiam queda de 0,7% às 10h07, enquanto o Ibovespa recuava 0,34%.
O banco brasileiro ingressou na Argentina em 1979, com a criação de uma operação de atacado para atender transações de comércio exterior de multinacionais. Em 1995, o banco iniciou operações de varejo, abrindo a primeira agência na Argentina. O Itaú Unibanco comprou o Banco del Buen Ayre em 1998, mudando a razão social para Banco Itaú Argentina em 2008.
O Itaú Argentina era até o final do ano passado o 16º maior banco do país em total de empréstimos em pesos argentinos, e o 11º considerando apenas bancos privados, com uma participação no mercado de 2,1%.
O banco operava na época 67 agências e pontos de atendimento. A carteira de crédito do Itaú Argentina no final de junho deste ano era de 9,1 bilhões de reais, queda de 10,4% sobre um ano antes.
Já o Macro se consolida como o maior banco privado de capital argentino no país, afirmou o Itaú, com 565 agências, 9,4 mil funcionários e 6 milhões de clientes.
“Agora, dobraremos nossa presença na área metropolitana de Buenos Aires”, afirmou o presidente do Macro, Jorge Brito, em comunicado à imprensa.
Fonte : G1 (FEEB SC)