A inesperada retenção dos dividendos extraordinários da Petrobras acendeu um alerta nos investidores de companhias estatais listadas na Bolsa de Valores.
Questionada se o Banco do Brasil está sujeito a mudanças semelhantes a pedido do governo Lula, a presidente da instituição, Tarciana Medeiros, negou que a recém-aprovada política de distribuição de lucros será alterada.
“[Essa política] foi aprovada pelo conselho de administração, que tem cinco representantes do acionista majoritário [União]. Ela já foi aprovada e será mantida”, disse Tarciana durante evento organizado pela Bloomberg, em São Paulo, nesta terça-feira (19).
Em fevereiro deste ano, o conselho do BB aprovou a elevação da distribuição de dividendos de 40% para 45% em 2024.
A Petrobras, por sua vez, tem uma distribuição obrigatória de 25%, podendo haver distribuição extraordinária, que aconteceu em anos anteriores, mas não em relação ao resultado de 2023, pelo voto de representantes da União no conselho da estatal.
A notícia causou uma forte desvalorização nos papéis da estatal, já que investidores contavam com a distribuição dos dividendos extraordinários. O impacto negativo levou o governo a rediscutir a decisão, que pode ser revista.
AGRO EM 2024
Apesar da desaceleração do agronegócio prevista para 2024, o BB projeta um crescimento relevante do setor este ano, entre 11% e 13%, o que deve contribuir positivamente para o resultado do banco, que tem cerca de um terço de sua carteira de crédito atrelada ao setor.
Apesar da quebra na safra de soja, as colheitas de algodão e café têm sido recordes, disse Tarciana.
“O BB tem modelos analíticos e de inteligência artificial que já nos trazem com muita precisão o que vai acontecer com a nossa carteira de crédito e com o agronegócio a partir das questões climáticas que, hoje, nos afetam menos que no passado, pois cerca de 90% das nossas carteiras têm garantia, seja ela real ou por seguros”, afirmou a presidente da instituição.
Para a executiva, a perspectiva para a concessão de crédito como um todo é positiva neste ano, especialmente com a expectativa de queda da Selic, hoje em 11,25% ao ano.
“Trabalhamos com a projeção de Selic a 9% em dezembro, mas sempre queremos que caia mais rápido”, disse Tarciana.
Fonte: Folha de S. Paulo
www.contec.org.br